top of page

#SeriesInvestigativas - Crítica ao documentário: "O Dilema das Redes"

Atualizado: 27 de nov. de 2023

Sob vários olhares e intenções.


Quando eu interpreto o título e uma mídia, seja ela de TV, rádio ou impressa, percebo logo a sua real intenção, e, após tantos anos atuando com comunicação no ambiente digital (conteúdo e monitoramento de comportamento), sei como é criar uma campanha e a sua estratégia.


Ao assistir o documentário "The Social Dilemma", traduzido para o Brasil como "O Dilema das Redes" na plataforma Netflix, fiz alguns questionamentos: Qual o objetivo deste documentário? Qual a sua real intenção? E, finalmente: Como será após, ou a reação de quem assistiu? A reação pós impacto...


Temos uma obra em mídia para a TV configurada na seguinte forma: narrativa em terceira pessoa; dois cenários dentro da narrativa de cotidiano familiar e de trabalho (programação computacional); protagonistas e depoentes sendo os "próprios criadores" das plataformas de rede e de mídia em massa. Estes dão a entender ser as redes sociais, uma divertida, sedutora e deliciosa forma do "fim do mundo".


Os depoimentos não foram feitos em tom de preocupação e sim com um "tom" de vanglorização e fascínio. Os mesmos dizem ter criado uma mecânica algorítmica de controlar pessoas dentro da sua interatividade e interação com o seu dispositivo de proximidade predileto, o celular e vão além: Controlam o destino do mundo.


Segundo eles, dominaram os cérebros de pessoas através de algoritimos que roubam informações comportamentais em suas atividades informáticas e em rede: as redes sociais. Sim, o comportamento de usuário é comercializado como havia na TV, rádio e impressos, através da publicidade e do estudo de mercado. A diferença é que agora e de forma prostituída, sem a ciência como base, pois não seduzem e sim induzem ao consumo usando a proximidade do celular e do momento de interação desconsiderando a violação da intimidade e privacidade.


A narrativa faz colocações das quais dividirei e blocos para a crítica:



1. O vício de tecnologia

O documentário menciona, através de uma especialista em vício, a questão do "esforço intermitente positivo" que faz uma pessoa utilizar incansavelmente máquinas enganadoras como as dos jogos de caça-níqueis. Você acredita que vai chegar a um lugar que nunca chega e quando chega acredita ser me todas as vezes.


Dentro da narrativa havia um cenário de cotidiano familiar no qual o casal de filhos eram viciados em internet/interações. Nele, anunciava-se na TV, um "cofre de alimentação" de embalagem "transparente" aparecendo o conteúdo extremamente sedutor e desgustador, porém lacrado com um giro como o de cofre, e para abrí-lo sem saber do segredo do giro, precisava quebrá-lo.


A mãe preocupada com o vício da filha e vendo este "anúncio" na TV, comprou o tal "cofre" e deixou o celular da filha, nos horários em família como o almoço e janta, dentro do cofre. A filha incontrolável quebrou o cofre para ver as curtidas e interações no "facebook" ao invés de se alimentar. Após a narrativa, não vi qualquer atitude da mãe quanto ao fato, apenas entendendo estar apenas "rendida".


Imaginem se este cofre fosse uma analogia ao rede social?


2. O suposto controle total da mente

Um cenário de simulação de controle através da rede social, com pessoas manipulando avatars de uma central de controle foi colocada em paralelo à narrativa ilustrando o tempo real de manipulações feitas pelo "algorítimo". O indivíduo (ser humano ou pessoa), foi colocado como um fantoche na mão controlada de programadores de algoritimos numa sala fechada e escura. Na tela um boneco sem rosto e sem expressão corporal nenhuma numa total falta de respeito para com todos que usam a tal "rede".


A narrativa chega ao comparativo entre o "ilusionismo" e a "tecnologia ligada à internet", afirmando que as notícias falsas (as "fakenews') atraem mais que notícias verdadeiras.


Até hoje entendi pessoas com perfis próximos de doentios e com transtorno de personalidade a ponto de, crer estarem no controle de pessoas através da tecnologia.


Afirmações como "essa tecnologia deveria ser acessível à todos"; "criamos uma ferramenta que pode modificar e decidir o futuro"; "eles sabem mais de uma pessoa do que ela mesmo"; "...hoje afirmamos uma coisa e amanhã dizemos que é mentira"; e dentre outras leviandades, me leva a questionar sobre uma propaganda antiga como a da Bombril. A campanha utilizando o ator Carlos Alberto Bonetti Moreno como garoto-propaganda, afirmava ser o ser chato, insistente ao mesmo tempo que era o produto era a melhor palha de aço do mundo e a mais amada do Brasil.


3. Impactos graves sociais, políticos e de crise

Citaram as eleições dos Estados Unidos e do Brasil, no uso de fakenews como uma forma fácil de manipular e induzir pessoas.


Fazer entender que o poder e controle total, estão nas mãos de poucos, é antes de mais nada, uma intimidação clara à quem consegue ler esse documentário. Este controle ( e não poder) ainda é de superfície e não de profundidade, basta apenas "desligar a luz".


Gênios poderosos e culpados? Esse documentário é um bom teste a tolerância, percepção, ignorância e permissividade de quem usa a "tal rede". A sedução manipula, e o medo intimida.


Como docente de um projeto governamental e acessível à rede pública, percebo uma falta total de dificultadores nas atividades escolares que exijam raciocínio e análise maior, e isso resulta em pensar menos. Algumas formas de ensino hoje não facilitam a evolução do pensar. Esse fator é grave, pois os atuais jovens são os futuros prestadores de serviço e de uso de tecnologia.


Fiz o teste numa das aulas que ministro e apenas um aluno deu a resposta que eu queria: "Quanto mais a gente assiste ao documentário, mesmo com medo, dá mais vontade de assistir e ter rede social (..)". de vários, apenas um respondeu e teve a percepção correta.


A minha resposta ao "dilema" é: Não, vocês criadores e criação não dominaram o mundo, mesmo com uma propaganda indireta da "incrível" interação promovida pelos algoritmos feita através deste documentário remetendo também à uma intimidação. Considero inclusive, um "teste" de percepção ao absurdo chamado "metaverso". O teste falhou.


Controlar "recortes e momentos do cotidiano", não lhes dão o controle de nada e sim uma falsa percepção de controle. Quem controla não avisa, apenas monitora. E, pessoas controláveis e manipuláveis, não evoluem e não geram renda, logo sugiro deixar à todos inteligentes e livres.


Aproveito para sugerir a obra literária de um amigo e criminalista querido e fantástico, Dr. Tiago Pavinatto: "A Estética da Estupidez"







www.thinkdigitallives.com , em março, prepare-se!

bottom of page