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Atiradores Extremistas e Nas Escolas - COLUMBINE - EUA

Atualizado: 27 de nov. de 2023



O crime de assassinato em massa ocorrido em Columbine deixou marcas em familiares, na mídia e na segurança pública que não estava para tanto na prevenção quanto para a parte tática e operacional deste crimes que poderia ser evitado e muito minimizado se houvesse monitoramento em rede. Isso é fato.


Dados essenciais

Data, horário e local - 20 de abril de 1999, aproximadamente às 11h20 da manhã, na Escola “Columbine High School” em Llittleton, no Estado do Colorado - EUA.

Vítimas - total de 15: 12 estudantes, 1 professor e os próprios criminosos.

Autores - Eric H., 18 anos e Dylan K., 17 anos (aqui identificados por 'autor-M' e 'autor-D', mentor e discípulo.

Resumo do crime - ataque armado de 49 minutos e planejado contra toda e qualquer pessoa que estivesse na Instituição escolar e nos arredores no dia do ataque através de detonação de bombas, tiros e facadas.


“Modus operandi”

- Do Planejamento


A - ESCOLHA DO MÉTODO


A distração de uma ocorrência próxima ao local, assassinato em massa de dois grupo de vítimas dentro e fora da escola o posterior suicídio de ambos autores. Em paralelo a publicação de um manifesto sobre a motivação e do planejamento.


Uma bomba colocada há três quilômetros do alvo (escola) colocada próxima ao corpo de bombeiros, e programada para explodir às 11:14 distrair a todos para o local bem como a demandas de socorro e policiais enquanto a execução principal do plano era feita dentro da escola que era assassinar a quem fosse possível, depois quem tentasse socorrer e se aproximasse para concluir o suicídio.


Uma das bombas seriam acionadas no momento do resgate atingindo o segundo grupo-alvo de vítimas.



B - A preparação do crime


A preparação do crime para a aquisição de armas e construção de bombas incluindo testes e detonação registro diário dos autores com a preparação e o manifesto levou mais de 12 meses. As armas foram adquiridas por dois amigos posteriormente condenados por venda de armas a menores de idade.



C - ESCOLHA DA DATA, HORA E LOCAL


A data foi o dia posterior ao baile tradicional da escola. O local foi a escola e estrategicamente a lanchonete situada entre os dois pontos extremos da escola e próximo ao corpo de bombeiros.


A hora da execução do crime foi em função do horário do intervalo que daria condições de explodir a lanchonete e por estarem nos extremos atiram em que conseguisse sobreviver, correr e também socorrer a todos.


D - A ESCOLHA DAS VÍTIMAS


As vítimas eram todos os alunos e professores e funcionários da escola junto das vítimas secundárias como quem se aproximasse ou tentasse socorrer. A escolha das vítimas foi por estudar e atuar na escola em que possuía um afeto de mágoa, rancor e também unir na forma de assassinato à quem tentasse socorrer ou estivesse próximo de realizá-lo.


E - A DOCUMENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO


Toda a ação foi planejada por um ano e documentada em seu diários e fitas cassetes.


F - OS ACESSÓRIOS DO CRIME

Os acessórios para a execução dos crimes foram bombas caseiras, rifles, facas e muitas munições. As bombas foram feitas com quilos de propano.



- Execução-operacionalização do crime


Às 11h10min da manhã chegaram separadamente e estacionaram dois veículos nos extremos sul e norte da escola, deixando duas mochilas em meio das 400 de demais alunos na lanchonete ao centro dos extremos citados.


Com a falha da explosão da bomba que poderia matar a todos e destruir o local, o plano B foi executado de se dirigirem a todos iniciarem o tiroteio e matar ao máximo que pudessem.


A dinâmica de crime e sequência foi: pelas escadas atiraram em alunos e professores na lanchonete, biblioteca, área administrativa, área de esporte e a cafeteria.


Após isso deixaram um manifesto e notas encontradas em cima dos corpos “Não culpem mais ninguém por nossos atos. É assim que queremos partir”.


Após 32 minutos de massacre, um dos autores gritou : _ “Um! Dois! Três! Columbine game over!”. O suicídio seguiu com um tiro no céu da boca e o outro na têmpora, um de espingarda e o outro com uma semi-automática TEC-9.


Em especial ao chegar um aluno em que um dos autores alega ter sido anteriormente insultado de “boiola”: _ “Costumava me chamar de boiola. Quem é boiola agora?!” , e pede para dê um motivo para não ser morto. Após a resposta do aluno ameaçado _ “Não quero ter problemas", os atiradores se afastam o deixam viver.


Um dos autores de forma sórdida afirma durante o ataque; _ “Poderíamos esfaquear as pessoas, isso seria mais divertido!”


Os conhecidos e apresentados aos dois autores foram processados por fornecimento de armas para menores de idade. Mark Manes e Philip Duran foram condenados a um total de seis anos e quatro anos e meio de prisão, respectivamente.


Estudo de perfis

Perfis das vítimas

Os alunos da escola, e especial alguns abordados que os insultava e intimidava-os durante o período escolar. a escolha foi pelo sentimento de ódio pela mágoa e ressentimento pelo local.



Perfis dos autores


A dupla de assassinos e suicida classicamente possuía um mentor e um discípulo, 'autor-M' e 'autor-D', respectivamente com uma total dependência afetiva e social de 'autor-M' na qual exercia um domínio. A documentação do plano em vídeo continha expressões de ódio, palavrões e o manuseio de armas de fogo. Num deles aparecem como “assassinos de aluguel” simulando assassinarem alunos de Columbine.


'Autor-M' - controlador e manipulador e exercia influência sobre 'autor-D', que flutuava em uma labilidade emocional variando entre a timidez e a explosão de raiva desde criança. Faziam uso abusivo de álcool e tinham problemas de autoestima. ​​Em seu diário ele cita sobre uma “seleção natural” de pessoas fazendo o ​​psicólogo Aubrey Immelman a apontá-lo como um clássico narcísica. Tinha um temperamento auto-confiante e fazia uso controlado de antidepressivo (SSRI Luvox) incluindo no dia do ataque.


Foi um psicopata e o mentor do massacre com complexo de superioridade de nível messiânico com o objetivo de demonstrar a sua superioridade ao mundo: _ "Eu me sinto como Deus e gostaria que fosse, para que todos estivessem oficialmente abaixo de mim".


O Mentor do crime no último ano da escola tinha alta performance e notas quando queria, seduzia professores com uma narrativa agradável: _"Ele era o tipo de garoto que, quando estava diante dos adultos, dizia o que você queria ouvir. Quando não estava, ele misturava napalm na cozinha.", disse o diretor Frank De Angelis de Columbine.


Em seu diário de 'autor-X' ele escreveu: _ "Eu odeio vocês por me deixarem de fora de tantas coisas divertidas. E não digam, 'Ora, é culpa sua', porque não é, vocês tinham meu telefone, e eu pedi e tudo mais, mas não. Não, não, não deixem aquele estranho do 'autor-X' vir junto". Enquanto caminhava para a escola na manhã de 20 de abril, Harris vestia uma camiseta que dizia "Seleção Natural".


"Eddie Haskel" foi a referência dada ao mentor devido a seu comportamento manipulador e sedutor na escola. Segundo relatos de professores, eles enganaram a todos de sua convivência familiar e na escola. Psicólogos após anos de estudo apontam 'autor-X' como um psicopata predador, de sangue frio, mentiroso, inteligente, sedutor, com complexo de superioridade, repulsa por autoridade e necessidade de controle. 'autor-X' também desenhava suástica em seu diário.



'Autor-D' - ansioso, apaixonado, paranóico.um depressivo, participou do ataque como uma forma de acabar com a própria vida documentado em vídeo este desejo juntamente com a frustração em relação ao relacionamento com as mulheres. ( FBI após conferência sobre atiradores escolares em Leesburg, na Virgínia).


Sofria com baixa auto-estima que beirava à depressão, com tendências suicidas, ele sofria de um amor não correspondido, usava símbolos religiosos e frases auto-depreciativas. Desta forma a tendência de cometer atos deliberados e pensador o deixava mais vulnerável, principalmente “nas mãos” de 'autor-X', o mentor.


Desenhava corações em seu diário: _"Eu sou um deus, um deus da tristeza", e também "Eu sempre fui odiado, por todos e tudo". Em seu diário demonstrava crescente sentimento de violência e desespero secreto por sua falta de sucesso com as mulheres, o que ele chamava de "tristeza infinita”.


“​Não eram garotos comuns que foram importunados até retaliar. Eram garotos com problemas psicológicos sérios.” psicólogo Peter Langman em seu novo livro, "Why Kids Kill: Inside the Minds of School Shooters).


Isolamento social entre os colegas próximos, segundo avaliação, gerou sentimentos de impotência, insegurança e depressão, assim como uma grande necessidade de atenção.



- Histórico criminal


A dupla homicida de Columbine possuía uma passagem de um ano em programa de desvio juvenil, estavam sob condicional após prisão meses antes do ataque 1998 por arrombamento de uma van e roubo de equipamento eletrônico.


A polícia encontrou meses antes uma bomba similar à que utilizaram perto da casa de 'autor-M', mas nada foi feito.


Na prisão, passou por tratamento psicológico para controle da raiva e por ter excelente comportamento teve a liberdade condicional antes do tempo com ótimas recomendações.



- Histórico de vida, profissional e familiar


Jovens de família comum, habilidosos com informática, classificados por especialistas como garotos superdotados; poucos habilidosos nas relações sociais. Os pais não demonstraram saber o grau de sofrimento dos filhos quanto às humilhações na escola; quanto ao plano do massacre e de suicídio.


'Autor-D' - Numa família de tradição Luterana e rituais judaicos (avô materno), 'autor-D' nasceu em Lakewood, no Colorado, filho de um casal de pacifistas e de religião Luterana tinha apenas mais um irmão. Estudou na Normandy Elementary (Colorado) em parte do ensino fundamental e depois foi para um programa do Governor's Ranch Elementary no CHIPS ("Challenging High Intellectual Potential Students"), porém na Ken Caryl Middle School com dificuldades para se adaptar. O pais de um geofísico e uma especialista em crianças deficientes. Ele afirmou em vídeo: _"Apenas saibam que estou indo para um lugar melhor. Eu não gostei muito da vida".


Na escola - foram vítimas de bullying por quatro anos, eram considerados os mais excluídos e por alguns amigos próximos como "os perdedores dos perdedores". 'Autor-D' relata ao pai sobre a cultura dos atletas da escola, incluindo a intimidação e bullying contra o amigo 'autor-M'.

Em alguns momentos chegaram a ser agredidos com fezes numa xícara e absorvente interno coberto de ketchup de “veteranos”. Este foi definido como o pior dia de sua vida”.


Apesar de considerados isolados de seus colegas de classe, porém com um círculo fechado de amigos e um grupo social informal mais amplo, a Subcultura gótica.


Relatos de colegas mostram confrontos com agressões físicas e insultos pelo grupo de futebol americano que jogaram molhos nos autores e em paralelos aos insultos de "boiolas" e "veados" e afirmações cínicas como “Não se preocupe, cara. Isso acontece o tempo todo!".


A escola de Columbine era bem conservadora e dava privilégios às equipes esportivas de futebol americano, basebol e basquetebol.


A rotina - A rotina dos autores era de jogos de computador na Internet; adquirir e montar mapas para o jogo Doom - “Harris levels"; criar e gerir sites de hospedagem de jogos “Doom” e “Quake como informações de equipe para as pessoas com quem ele jogava online; criar perfis na internet com codinomes "REB" (abreviação de Rebel); 'autor-D' "VoDKa" e "VoDkA" com relatos públicos de ódio e desprezo pela humanidade, por si mesmo e pelo local de sua residência; armazenamento e fabricação de armas e explosivos.


Eric mantinha um website com uma coleção de “suásticas”, sinistros vídeos neonazistas e receitas de bombas. A sua escrita ali era: _“Mato aqueles de quem não gosto, jogo fora o que não quero e destruo o que odeio” e _”420”, como uma referência à data de nascimento de Hitler, 20 de Abril no caso de 'autor-D'.


Num exemplar do livro de formatura do colégio, Harris escreveu sobre as fotos, quem ia morrer e quem seria poupado: "Morto", "Morrendo" e "Salvo".



- Fatores contribuintes ao crime:


Alguns fatores contribuíram para a contenção e redução de vítimas do massacre, tais como: o guarda estar substituindo a fita de vídeo de segurança da escola quando isto aconteceu; a percepção dos alunos no momento de que o ato ser uma “brincadeira” devido ao desacreditamento dos autores que era constante.


As investigações apontaram que o pai 'autor-M' declarou em ligação para o 911 três dias antes do massacre, que seu filho era membro do “Tenchcoat Mafia”, um grupo de amigos que se vestiam casacos pretos e se auto-declararam diferentes dos "atletas" (praticante de bullying). Porém nada fora feito.


REB era a abreviação de Rebel, um apelido de times esportivos de Columbine, identificado e rede e que poderia ser um indício de uma tragédia anunciada somados aos demais indícios de fatores. apelidos: "Rebldomakr", "Rebdoomer" e "Rebdomine".


Tais relatos mostram a permissividade e indiferença dos professores quanto ao fato tolerado sendo este fator contribuinte a motivação do massacre com “violência extrema”.


Matriculados na aula de Escrita Criativa de Columbine elaboraram uma redação intitulada de “The Mind and Motives of Charles Manson” e mesmo com o conteúdo preocupante a professora recebeu o conteúdo como uma invenção.



Julgamento e condenação

Os assassinos cometeram suicídio em ambos os casos os os dois adultos que venderam as armas para os autores foram condenados pela venda da armas a menores de idade.


Referência, influência em outros crimes

- Influência nos crimes posteriores


Pesquisas demonstram que este ataque foi a inspiração como motivação, operacionalização e planejamento de demais ataques posteriores dentro de escolas.


Este evento foi intitulado de “School Shootin” (tiroteios na escola) sendo os aderentes à prática chamados de “school shooters” (atiradores escolares), uma condição perigosa e utilizada por demais assassinos dentro de escolas motivados.


Em maio de 2002, o Serviço Secreto dos Estados Unidos publicou um relatório que examinava sobre um estudo de recentes 37 tiroteios direcionados e ocorrido nas escolas Estados Unidos constatando os seguintes fatores, características e condições:


  • interrompidos sem a intervenção policial;

  • ataques planejados (poucos repentinos e impulsivos);

  • motivação de efeito cumulativo;

  • percebidos por terceiros, porém não avisado ou notificado;

  • sem ameaça direta as vítima (s);

  • sem perfil preciso;

  • grande parte dos autores:

    • envolvidos em práticas preocupantes

    • indicativos de que precisam de apoio;

    • dificuldade de aceitar perdas ou falhas pessoas

    • índice de tentativas de suicídio;

    • possuem sentimentos de: intimidação, perseguição, ferimento por terceiro;

    • acesso à armas.


Um autor de outro massacre em Virginia Tech - EUA, C.S.H, mencionou o massacre de Columbine como a sua referência à sua motivação, referindo aos autores de Columbine como "mártires".


Um “fandom” dos atiradores, 'autor-M' e 'autor-D' se autodeclaram como "Columbiners" impulsionando-se no ano de 2015, após um plano de ataque em um shopping de Halifax, Nova Escócia, no Canadá, no Dia dos Namorados. Este criminoso grupo “Columbiners” possui interesse acadêmico pelo massacre.


Em algum momento erroneamente a mídia atrelou a inspiração do crime o integrante da banda “Marilyn Manson” com as manchetes de "Assassinos Eram Adoradores do Maníaco do Rock Manson" e "O Maníaco Adorador do Demônio Disse Para Crianças Matarem", pelo fato de um dos atiradores serem fãs da banda e fazem menções à mesma.


Conclusão

Esta caso de Columbine mostra que as combinação apresentadas na lista de catalisadores, motivações e origens, para este tipo de crimes de Assassinato em Massa com autoria de adolescentes dentro das escolas não muda.


A distância familiar, a falta de conversa, as agressões no ambiente escolas e a condição depressiva, no caso do "discípulo", o 'autor-D' e a tendência e condição de psicopatia e narcisista do "mentor", 'autor-M' tornaram a receita da desgraça real e repetida por demais.


O fator de fomentação pela internet através e fóruns de armas e ódio com o objetivo de ser ouvido, foi catalisador. A internet catalisou este crime possibilitando armas, consumindo ódio e circulando ódio, mágoas e raivas, mas o fato que não quer calar é a permissividade cultural destas agressões pela escola.









Referências:


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